Musculação contra osteoporose
O exercício se transformou na principal arma de prevenção e
tratamento contra a doença que atinge mais as mulheres
A caminhada deixou de ser a melhor opção de exercício físico para os
portadores de osteoporose. Com o avanço do conhecimento científico, o
exercício muscular resistido (popularmente conhecido como musculação),
realizado com assistência especializada, tem se demonstrado, junto com a
conduta medicamentosa e nutricional, a principal arma para prevenção e
tratamento destes pacientes. Extremamente comum e debilitante, a
osteoporose é uma doença causada por uma deficiência na mineralização
dos ossos do esqueleto, que o deixa mais frágil e propenso a fraturas.
Mulheres após a menopausa constituem o grupo de maior risco, porém a
osteoporose também pode acometer homens na terceira idade.
As
fraturas são exatamente o motivo pelo qual a osteoporose pode ser tão
grave. Elas acometem principalmente a coluna e a bacia de uma popu-
lação idosa, levando à imobilidade e muita dor – com enormes conseqüên-
cias para a qualidade de vida destas pessoas e, inclusive, complicações
médicas mais sérias decorrentes da imobilização prolongada.
O
tratamento e prevenção da osteoporose envolvem medidas que aumentem a
densidade óssea. O osso submetido a cargas por meio de exercícios
físicos ganha estímulo a sua modelação e se fortalece. Todo este
processo depende do tipo de força, da intensidade e distribuição com que
ela é aplicada e do número de ciclos realizados. Muito embora uma
simples caminhada forneça a carga necessária para estimular o osso, a
musculação praticada com assistência especializada permite controlar
todas as variáveis do exercício de forma a maximizar a eficiência do
exercício.
Um segundo ponto são os riscos da caminhada,
principalmente em grandes cidade. Além da segurança, há o problema da
péssima qualidade das calçadas, que facilitam quedas. Nesta população
com osteoporose, queda é exatamente o que não se deseja. Cerca de 95%
das fraturas de fêmur são conseqüência de quedas, principalmente no
ambiente doméstico, mas também fora de casa. Por outro lado, a
musculação é praticamente isenta de riscos, desde que realizada com
cuidados especializados.
Outro fator remete à força muscular. Mulheres após a menopausa e homens na terceira idade desenvol-
vem normalmente uma rápida perda de massa muscular (conhecida como
sarcopenia). Relacionada à idade, a sarcopenia é um dos principais
fatores que levam a distúrbios de marcha nos idosos e facilitam assim as
quedas freqüentes que causam as fraturas. A musculação, além de
aumentar a densidade do osso, atua também melhorando a força muscular e,
conseqüentemente, diminuindo o risco de fraturas.
Ari Stiel
Radu é doutor em reumatologia pela Universidade de São Paulo,
vice-presidente da Sociedade Paulista de Reumatologia, chefe do
ambulatório de coluna do Serviço de Reumatologia do Hospital das
Clínicas de São Paulo e presidente do Comitê de Coluna da Sociedade
Brasileira de Reumatologia .